Valor-trabalho e valor subjetivo são coisas mutuamente excludentes. Não dá pra conciliar as duas. Passe um dia inteiro cavando um enorme buraco na sua rua. No dia seguinte, passe novamente todo o dia cobrindo-o. No terceiro, fique sentado ali com um chapéu na mão, esperando a contribuição das pessoas. Segundo a teoria do valor-trabalho, você será muito bem remunerado, pois fez algo extenuante, que exigiu uma enorme quantidade de trabalho.
Só que todo esse todo trabalho que você teve para cavar um enorme buraco terá um valor enorme apenas para você; para mim e para as outras pessoas, terá um valor zero.
Por fim, se você sair cavando buracos pelas ruas, Marx dirá que o valor desses buracos é enorme -- e que, logo, você deve exigir um preço muito alto por esse seu "serviço". No entanto, para os consumidores, que são quem em última instância determinam o valor final dos produtos, seu trabalho terá valor zero, e você morrerá de fome.
A teoria do valor-trabalho é errada simplesmente porque o valor das coisas é totalmente subjetivo. Independe de qual tenha sido o trabalho "embutido" nela.
Abraços!
P.S.: o criador original da teoria do valor-trabalho foi Adam Smith, muito provavelmente influenciado por seu calvinismo, religião que dá ênfase no trabalho duro e exaustivo como sendo não apenas algo bom, mas também um grande bem em si mesmo, ao passo que o prazer oriundo do consumo é, na melhor das hipóteses, um mal necessário, um mero requisito para se dar continuidade ao trabalho e à produção.
Sugestão de artigo:
As raízes escolásticas da Escola Austríaca e o problema com Adam Smith