Já faz um tempo que eu queria escrever sobre esse tema, pois
sempre pensei no Instituto Mises Brasil como um disseminador da Escola Austríaca
no brasil. No lançamento do livro do Constantino, A Economia do Individuo,
fiquei conhecendo o André Cardoso, um jovem leitor do site que está terminando
o colegial. Veio-me à cabeça a lembrança de quando descobri o site do Mises
Institute. Naquela época, estava entre o meio e o final do meu curso de economia, e pensei comigo
mesmo: "se eu tivesse descoberto esse site antes, teria poupado uma fortuna,
jamais teria feito faculdade de economia".
Os artigos eram didáticos, claros, sempre bem fundamentados. Cada artigo
uma aula.
O IMB nasceu mais ou menos com essa intenção: disseminar os artigos
em língua local para que cada vez mais gente tenha acesso a EA. Mas não apenas isso: um
papel importante do instituto é colocar à disposição dos leitores os livros dos
grandes autores da EA que já existiam traduzidos para o português. E isso tem
sido feito. Faltam poucos títulos a serem colocados no site e, no futuro, devemos ter os livros em PDF, e-books, print
on demand, enfim, tudo ao gosto do freguês.
Mas não para por ai. Os esforços do instituto se concentram agora em traduzir os livros que ainda
não temos em português e também colocá-los disponíveis aos leitores. Livros dos
"decanos" da EA, como Bohn-Bawerk, Menger, Hayek, Mises, Rothbard estariam no
primeiro plano. Uma segunda etapa seriam os livros importantes de diversos autores
que contribuíram e contribuem para a EA em diversos campos. Qualidade não
falta!
Tudo isso pra dizer que acho que a sequência lógica do
trabalho do instituto é educacional: criar cursos e aulas. Já sou da opinião de que as
atuais faculdades de economia não têm mais sentido de existir; os currículos, engessados
pelo MEC, ou mesmo seguindo o mainstream, não têm espaço para a EA, e dessa
forma quem quiser aprender "Economics for real people" fica órfão. E o IMB
precisa preencher essa lacuna.
Nos EUA, o MI tem a Mises University e o Rothbard Graduate Seminar,
que são um tipo de curso rápido, de uma ou duas semanas.
Quando estiveram aqui na ocasião do Seminário de EA, os
palestrantes nos concederam entrevistas (que o Fernando está devendo) e, na
missão de formular as perguntas, fiz questão de questioná-los sobre como eles
veem um curso formal de economia 100% EA. As respostas não foram exatamente o que
eu esperava: eles disseram que a EA deve ocupar cada vez mais espaço , etc, etc. Mas uma resposta em especial apontou para o Home Study Course (http://mises.org/store/Mises-Institute-Home-Study-Course-in-Austrian-Economics-P211.aspx). Mais ainda: foi dito que o ensino "por si mesmo" vai conquistar grande parte do público
que hoje frequenta as salas de aula.
Ainda não conheço o conteúdo desse Home Study, mas o modelo
de uma série de aulas do Fundamentals of Economic Analysis (http://mises.org/media.aspx?action=category&ID=99)
me agrada muito, e penso que um embrião de uma Universidade Mises Brasil deveria
ser por ai, com cursos curtos, focados em certos temas, com algumas partes para os "já
iniciados" e outras para os iniciantes.
Pesa o fato de que, no momento, os membros do IMB não são, como
no MI, professores universitários.
O Lucas Mendes nos apresentou um projeto de aulas muito
interessante e eu ainda não tenho nenhum modelo ideal em mente. Acho que isso
deve ser mais explorado. Podemos contar com a opinião do Fernando Ulrich que
recentemente voltou do mestrado em EA comandado por Jesús Huerta de Soto.
Enfim, nada temos ainda além de uma ideia e uma vontade de ouvir opiniões e
mais ideias. No momento os esforços passam a se concentrar na tradução dos
livros fundamentais da EA que ainda não existem em português. São esses livros
que amanhã formarão novos professores e serão colocados como bibliografia básica
de qualquer curso que quisermos oferecer.