quinta-feira, 24 nov 2016
O
famoso escritor francês Victor Hugo (1802-1885) observou: "resistimos à invasão
dos exércitos; não resistimos à invasão das ideias".
Uma
das frases mais repetidas por Mises — e atribuída por alguns ao pintor
americano William
McGregor Paxton (1869 – 1941) — é que as ideias são mais poderosas do
que os exércitos. Acredito não apenas que todos estavam cobertos de razão, mas
também que, nessas poucas palavras, conseguiram transmitir uma lição formidável
de otimismo e, mais do que isso, um convite para que todos acreditemos na
inexorabilidade do longo prazo, no tempo bergsoniano
como fonte permanente de descobertas e aperfeiçoamento.
Como
escreveu Lew Rockwell,
As ideias ignoram as fronteiras. Elas não
são inibidas por meras questões espaciais. Elas são perfeitamente capazes
de atravessar os limites do tempo. Elas crescem e se difundem por meio de
ações e decisões individuais sobre as quais absolutamente ninguém possui
controle algum. No final, o fato é que os governos são incapazes de gerir
e impor as ideias. Muitos são, inclusive, emasculados por elas.
Ora, assim como os
armamentos usados pelos exércitos são transportados em caminhões, aviões,
helicópteros ou mesmo pelas tropas de infantaria, as ideias são expressas — e
isso é uma simples tautologia — por meio da linguagem, que é o meio
sistemático de comunicá-las por meio de sinais convencionais sonoros e escritos
(linguagem verbal) e gestuais, corporais, geométricos e mímicos (linguagem não
verbal).
É a linguagem,
portanto, o elemento mediante o qual expressamos nossos pensamentos, ideias,
opiniões, expectativas e sentimentos. É o elemento comunicador por excelência: onde
há comunicação, há necessariamente linguagem. A linguagem é o sistema de sinais
que utilizamos para efeito de nos comunicarmos e a linguística é o estudo dos
fenômenos segundo os quais as línguas evolvem.
Você
pode ter uma ideia excelente, até mesmo genial, mas, se não souber comunicá-la,
essa ideia não se espalhará e você perderá a batalha. Nunca é demais relembrar
o velho José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como Chacrinha (1917 — 1988), um
comunicador popular fantástico, que tinha como um de seus famosos motes "quem
não se comunica se trumbica". Pura sabedoria popular, sem qualquer pretensão de
erudição, mas que, para determinados fins, vale mais do que certos tratados de
Filosofia da Linguagem [1].
Pois
bem, o ponto a que desejo chegar é que, fora do âmbito teórico, os liberais, no
Brasil e no mundo, vêm se trumbicando há muitos anos, simplesmente porque,
embora suas ideias sejam as melhores, não têm sabido comunicá-las devidamente
para a sociedade. Ou seja, até o presente momento nós simplesmente ainda estamos
perdendo a batalha da linguagem. E de goleada.
O
que devemos, então, fazer, já que, neste bendito ano da graça de 2016, a
esquerda — ao que parece — está perdendo rapidamente espaço em todo o mundo e
sabendo que, se nada fizermos, ou se adotarmos alguma postura ineficaz, essa
esquerda — que é bastante organizada — irá recuperar o terreno, com todas as
consequências que isso trará em termos de obstáculos à geração de riqueza e da
melhoria do padrão de vida em todo o planeta?
A paródia da "linguagem das
doninhas"
Weasel word
é uma gíria inglesa para designar palavras evasivas ou ocas. Em português
usamos a expressão linguagem das doninhas,
essa mesma ouvida incessantemente na TV, em bares e reuniões de intelectuais, na
internet e nos jornais, e que cria em suas vítimas o hábito de não pensar, substituindo
a lógica pelos chavões e palavras de ordem.
Ai
de quem, sabendo pensar por conta própria, recusa-se a falar esse dialeto
maldito. É logo tachado de ''elitista'', ''conservador'', "misógino",
"racista", "machista", "homofóbico", "nazista", "coxinha" e — ignomínia das
ignomínias! — ''politicamente incorreto'', além de outros adjetivos
"xingativos".
Em
Dilbert
and the way of the weasel: A
Guide to Outwitting Your Boss, Your Coworkers, and the Other Pants-Wearing
Ferrets in Your Life, um livro satírico de bastante sucesso, o
economista e cartunista americano Scott Adams (1957) estabelece a proposição de
que muitas pessoas — mais exatamente, as que se deixam dominar pela ditadura
do ''politicamente correto'' — agem como as doninhas ou mustelas, aqueles
mamíferos capazes de sugar todo o conteúdo de um ovo, por um minúsculo furo que
conseguem fazer, deixando-o aparentemente intacto. A humanidade, segundo essa
sátira, não seria formada por pessoas boas ou más, mas sim por doninhas.
Assim,
o autor introduz sarcasticamente a Zona da Doninha, uma gigantesca área
cinzenta entre o bom comportamento moral e a criminalidade aberta, que é de
onde nos ''exploram'' sem parar: chefes, empresários, fazendeiros, executivos,
países e pessoas ricos, banqueiros, Donald Trump, Angela Merkel, enfim, todos
os que são bem sucedidos na vida. Em 27 hilariantes capítulos, Adams revela os
segredos desses seres escorregadios, como reconhecê-los e como agem,
denominando de weaseleze a língua
oficial das doninhas, útil para ninguém entender racionalmente o que é dito e
confundir os inimigos, como parte da estratégia gramsciana de implantar o socialismo
sem recorrer às armas convencionais.
Passando da sátira ao mundo real, esse comportamento
de bois ao som do berrante que domina a sociedade atual é certamente uma das
etapas derradeiras do processo de degradação cultural, em que a linguagem se
desconecta da experiência inteligente e emite apenas tênues sinais de vida
social. Aquilo que quase todos se põem a dizer já se mostra inteiramente
desconectado dos acontecimentos, fatos e ações racionais do mundo real, para
refletir apenas opiniões conduzidas e sem qualquer embasamento, segundo a
clivagem binária rudimentar entre nós
e eles.
Imagine uma explanação qualquer feita por um
professor e que atenda aos requisitos da lógica e suponha que o raciocínio
desse docente o conduza a, por exemplo, defender as privatizações. O homem que
é guiado pela linguagem politicamente correta, então, dirá simplesmente que
discorda, sem qualquer preocupação quanto a explicar por que discorda. Muito
provavelmente, se lhe perguntarem o motivo, ficará em maus lençóis.
Isso acontece porque aquilo de que ele discorda nada
tem a ver com a sua vivência dos fatos reais, mas sim com o comando que lhe foi
exarado — como que do além —, de que "privatizar é dilapidar o patrimônio
público". Logo, ele instantaneamente colocará o professor do lado deles e, portanto, contra o nós que lhe foi impregnado desde o
ensino básico como o time dos bonzinhos.
Para usarmos a nomenclatura
do filósofo alemão Eric Voegelin (1901-1985), essas pessoas vivem em uma segunda realidade, aquela que povoa seu
imaginário e que é absolutamente alheia ao mundo real, formado pela primeira realidade, aquela que é
factual, que de fato existe.
Temos, então, uma grave situação, em que os sons
emitidos pelo professor são reconhecidos como característicos de uma linguagem
racional, mas compreendidos — e passados adiante — como o de uma comunicação
irracional, como a dos animais.
O
veneno de Bakhtin, Gramsci, Piaget e Freire
A
degradação da linguagem se dá quando essa anomalia se estende aos jornais, à
TV, à internet, ao rádio, aos discursos dos políticos e — como é triste
escrever isso! — aos intelectuais e
professores universitários.
Argumentar
para quê?, se esses teleguiados já dispõem dos chavões, das palavras de ordem e
de todas as doninhas do mundo para protegê-los. Mostrar racionalmente por que
se discorda dessa ou daquela afirmativa para quê?, se é suficiente buscar-se a
leniência do grupo nós. Buscar
convencer o outro lado para quê?, se é mais fácil intimidá-lo com a
demonstração de que esse mesmo grupo é mais barulhento do que o grupo deles.
Em
suma, não há qualquer necessidade de demonstrar-se que se está com a razão,
porque o que importa é amealhar o maior número possível de autômatos que
compõem o nós e segregar os demais —
mesmos que estes sejam a maioria — no curral utilizado para isolar a
influência nociva de todos os mal-intencionados, ou seja, eles.
Mas
é evidente que essa verdadeira ditadura das doninhas conhecida como linguagem politicamente correta não está
acontecendo por acaso. Tudo isso foi pensado, planejado e executado
pacientemente, durante décadas, como um incessante trabalho de formigas, pela
esquerda em todo o mundo. Para não retrocedermos em demasia no tempo, vamos nos
referir apenas ao filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975) e ao também
filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937), bem como aos educadores Jean
Piaget (1896-1980), e Paulo Freire (1921-1997), todos comunistas.
Bakhtin
enxergava a linguagem como um processo permanente de interação por meio do diálogo
e não apenas como um sistema autônomo. Assim, a língua só existe mediante o uso
que locutores ou escritores e ouvintes ou leitores fazem dela, em situações concretas
de comunicação. Definiu noções de análise da linguagem com base em discursos e
crônicas artísticos, filosóficos, científicos e políticos. Segundo ele, o
ensino, o aprendizado e a linguagem deveriam subordinar-se ao sujeito, aquele agente
dos acontecimentos responsável pela criação dos discursos e ideias. E — os
negritos são meus — os enunciados
sempre são trabalhados pelo sujeito tendo em vista os objetivos ideológicos,
sociais, históricos e culturais.
Isso
lembra a você alguns dos partidos de esquerda? Pois é.
As
relações entre linguagem, ideologia e hegemonia de Gramsci e Bakhtin são
bastante semelhantes. Analisando os conceitos bakhtinianos de heteroglossia (a diversidade social de tipos de
linguagens) e dialogismo (o processo de interação entre textos, em que
estes não são considerados isoladamente, mas concatenados com outras
proposições similares) e a definição gramsciana
de hegemonia (as relações de domínio de uma classe social sobre o conjunto da
sociedade), conclui-se que as visões de linguagem e subjetividade de ambos são
convergentes e que, a partir de uma discussão sobre os conceitos de poder,
discurso e ideologia, consideram a linguagem e o sujeito como processos capazes
de refutar e criticar os poderes e discursos prevalecentes.
O
sardo de Ales, Antonio Gramsci, certamente é mais conhecido no Brasil do que Bakhtin
como uma das maiores referências do pensamento esquerdista no século XX. Il Gobbo (o corcunda), assim apelidado
por conta de um defeito físico, alinhava-se com o projeto político que visa à
revolução proletária, mas se distinguia porque acreditava — e, novamente, os
negritos são meus — que a chegada ao
poder deveria ser antecedida por mudanças de mentalidade e que os agentes dessas
mudanças deveriam ser os intelectuais e a ferramenta essencial deveria ser a
escola.
Enquanto
a maioria dos pensadores marxistas enfatizava as relações entre economia e
política, Il Gobbo deu maior importância à ação ideológica nos campos da educação,
da cultura e da intelligentsia no
processo histórico de transformação. Muitos de seus conceitos permanecem atuais
e — o que é pior — são postos em prática por governos e políticos
esquerdistas em todo o mundo. Por exemplo, é dele o de cidadania, pois foi
Gramsci que levou à pedagogia a "conquista da cidadania" como um dos objetivos
das escolas. Estas deveriam ser manipuladas para o que denominou de "elevação
cultural das massas", alegoria que, segundo ele, representaria a libertação das
populações da visão de mundo baseada em "preconceitos" e "tabus" (a religião
seria um deles), bem como dos usos e costumes tradicionais que impediriam a
crítica das "classes dominantes".
A
maior parte da obra de Gramsci foi escrita na prisão, por ordem de Mussolini e
só veio a ser divulgada depois da sua morte. Desse período, há duas obras:
as Cartas do cárcere, com mensagens a
parentes ou amigos e os famosos 32 Cadernos
do cárcere, que não eram originalmente
destinados à publicação. Para esconder-se da censura fascista, adotou uma
linguagem cifrada, repleta de conceitos originais, como bloco histórico,
intelectualidade orgânica, sociedade civil e hegemonia, e de expressões novas,
como 'filosofia da práxis' como sinônimo de marxismo. Sua escrita, a exemplo da
de Nietzsche, é fundamentalmente fragmentada, com inúmeras passagens que se
limitam a sugerir reflexões.
Segundo
Gramsci, "toda relação de hegemonia é necessariamente uma relação pedagógica",
isto é, de aprendizado. E obtém-se a hegemonia mediante uma luta de direções
contrastantes, primeiramente no campo da ética e depois no da política. Para Il Gobbo, era necessário primeiro
conquistar as mentes e só depois o poder.
No
campo da educação, duas influências consentâneas com essas ideias influenciaram
a educação de maneira muito forte. A primeira foi a do francês Jean William
Fritz Piaget, para quem as crianças só podiam aprender o que estavam preparadas
a assimilar. Aos professores caberia tão somente a tarefa de aperfeiçoar
o processo de descoberta dos alunos. Piaget criticou acidamente a
modalidade de ensino onde "o professor dita e o aluno copia e repete".
Crítica
endossada pela segunda das influências, o pernambucano Paulo Freire, o pedagogo endeusado pela esquerda de nosso país e autor de A pedagogia do oprimido. Com seu método dialético de alfabetização, Freire denominou jocosamente a então maneira tradicional de educar de "educação bancária". Freire é — e não posso me furtar de
aduzir — infelizmente, o patrono da educação brasileira. O que, certamente,
explica as péssimas colocações do Brasil em todos os rankings internacionais divulgados anualmente. Mas trata-se, dizem seus
adoradores, de pedagogia crítica, o
que para mim não passa de uma antecipação do dialeto weaselese para designar o grande equívoco que é o marxismo.
Sempre
que ouço ou vejo o nome de Paulo Freire, lembro-me de Roberto Campos, que não
se cansava de se referir a ele como o educador que jamais educara uma criança
sequer. Mas vale a pena verificarmos até que ponto suas divagações
alucinatórias iam. À educação "bancária" ele contrapunha a educação
"libertadora".
A
primeira seria uma relação "vertical" entre educador e educando. Um deteria o
conhecimento e a capacidade de pensar, e o outro seria o objeto que recebe o
conhecimento e segue o mestre. O educador "bancário", então, "depositaria"
conhecimentos nos alunos e estes passivamente os receberiam. Tal concepção de
educação teria como objetivo intencional formar indivíduos acomodados, não-questionadores
e que se submeteriam à estrutura de poder vigente, sem objetivos de crescerem
na vida, e teria sido idealizada para acobertar os interesses dos
"dominadores".
Trata-se
de uma trama muito bem urdida por Freire: ao mesmo tempo em que alerta que educar
para pensar é algo perigoso para eles e
que mudanças devem ser feitas, ele também
propõe uma solução que, ao fim e ao cabo, bestializa os alunos, destruindo sua
inteligência e sua própria capacidade de pensar como indivíduos autônomos. E,
ao mesmo tempo em que critica a educação "vertical" ou "bancária", sugere outra
verticalidade de viés totalitário, a do estado sobre os indivíduos,
transferindo a autoridade de pais e professores para seu exército de ideólogos
ocupando as salas de aula.
Segundo
sua nomenclatura, uma "educação libertadora ou problematizadora" seria aquela que
não separasse professor e aluno, em que ambos seriam concomitantemente educadores
e educandos. Em
suas palavras:
Desta maneira, o educador já não é
o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o
educando que, ao ser educado, também educa. A educação libertadora abre espaço
para o diálogo, a comunicação, o levantamento de problemas, o questionamento e
reflexão sobre o estado atual de coisas e, acima de tudo, busca a
transformação.
Repare
no recorrente estratagema dialético que consiste em dividir tudo o que existe
no mundo na suposta dicotomia entre nós e
eles, sem a qual o
socialismo-comunismo não pode existir: nós,
os bonzinhos, os socialistas-comunistas de caráter ilibado e ótimas intenções e
eles, os malvados defensores do
capitalismo, da propriedade privada e da economia de mercado, de péssima índole
e intenções escusas.
Bakhtin,
Gramsci, Piaget e Freire, os dois primeiros em plano mais filosófico e os dois
últimos invadindo (ou ocupando, segundo o dialeto weaselese) as salas de aula, podem ser responsabilizados pelo
predomínio — dito cultural — que a esquerda vem exercendo há décadas em todo
o mundo. A linguagem das doninhas é fruto, como escrevi no início, de um
trabalho árduo, paciente e de longo prazo da esquerda mundial. Mas, como tudo o
que é errado não pode funcionar bem durante todo o tempo, as coisas estão
começando a mudar.
Alguns exemplos de weaselese
Eis
alguns exemplos de palavras e expressões dessa novilíngua tão bem retratada por George Orwell (1903-1950) e que
bem ilustram a importância dessa batalha, ao mesmo tempo em que nos exortam a
eliminar esse lixo que vem contaminando seguidas gerações, destruindo sua
capacidade de pensar, manipulando o idioma e cometendo enormes fraudes
semânticas:
Homofobia,
machismo, empoderamento, aquecimento global (ou mudanças climáticas),
patriarcado, ressignificação da família, misoginia, o uso do x em lugar dos artigos o ou a,
afrodescendente, opressão, luta de classes, golpista, democracia, estado
democrático de direito, extrema-direita, mídia golpista, neoliberalismo,
capitalismo selvagem, identidade de gênero, justiça social, dívida histórica,
xenofobia, ocupação (no lugar de invasão), eurocentrismo, islamofobia,
heteronormativismo, elite, classista, burguês, pobre de direita, negro de
direita, direito social, distribuição de renda, cultura do estupro, apreensão
(no lugar de prisão) de menores, função social da terra, desconstrução,
poliamor, homoafetivo, medidas sócio-educativas, transexualidade,
problematização, opressão do homem branco, medieval (aplicado à Igreja Católica),
transfobia, consciência social, função social, desmatamento, ações afirmativas,
minorias, elitista, preconceituoso, "pública, gratuita e de qualidade", polícia
cidadã, relativização, cidadãos críticos, neo (aqui basta acrescentar qualquer
palavra), globalização (no lugar de globalismo), excluídos, presidenta, dieta balanceada,
manifestantes, inclusão, interrupção voluntária da gravidez, espírito
republicano, autonomia do corpo, direito da mulher ao próprio corpo, católicas
pelo direito de decidir, sociedade justa e igualitária, saúde reprodutiva,
questão de gênero, orientação sexual, autoritarismo (como sinônimo de
hierarquia), cadeirante, indivíduos em situação de risco social (criminosos),
demandas do nosso tempo, bom dia a todos e todas, pessoa em transição entre
empregos (desempregado), sustentabilidade, hipossuficiência e muitas, muitas e
muitas outras.
Poderia
continuar (existem
até dicionários com essas palavras), mas creio que isso já seja suficiente.
Combatendo o bom combate da
linguagem
Todo
esse discurso contaminado ideologicamente tem uma característica indisfarçável,
que é a negação da verdade, o que se explica pela orientação marcantemente
relativista do socialismo-comunismo e, no plano prático, pelos conhecidos conselhos
do nacional-socialista Goebbels, de que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, bem como pelo ensinamento de Lenin de
acusar os adversários do que você faz
e chamá-los do que você é.
Mas
parece que uma nesga de esperança começa a se descortinar neste final de 2016,
em que a esquerda brasileira foi batida e humilhada nas eleições municipais, a presidente petista foi
destituída, a Inglaterra
escolheu o Brexit, Hillary Clinton perdeu para
Donald Trump, Hollande
está com sérios problemas na França, a bandeira da responsabilidade fiscal
está mais visível e as pessoas estão acreditando cada vez menos
nas ditas soluções políticas.
A
batalha das ideias aí está e o que devemos fazer para vencê-la,
aproveitando-nos dessa aparente derrocada do esquerdismo?
Aqui
vou apenas dar algumas sugestões genéricas, ao mesmo tempo em que indicarei um
curso — Guerra Semântica — criado
por Dante Mantovani, especialista em linguística, para estudar metodicamente o
tema e mostrar como restabelecer a verdade semântica em dez lições, com
abordagem aprofundada e fundamentação sólida. Aqui você pode assistir
ao vídeo em que ele fala sobre o curso.
A
primeira coisa que devemos fazer para ganharmos a batalha da linguagem é nos
insurgir contra a mentira. E, para combatermos a mentira, temos necessariamente
de reconhecer que existe a verdade. Isso não quer dizer, em absoluto, que
pretendamos ser seus donos; apenas que devemos mostrar todo o arsenal de
embustes que se esconde atrás dessa linguagem politicamente correta da
esquerda. A mentira não pode prevalecer durante muito tempo e, em se tratando
das ideias socialistas, seu tempo já é mais do que passado.
Assim,
reaja sem medo, tão logo você ouvir alguma dessas palavras ou expressões
envenenadas, mostrando que você tem cérebro e que ele funciona, mesmo se você
foi treinado na escola por professores do método Freire. Mostre que o
socialismo-comunismo jamais
funcionou em país algum, não funciona e nunca vai funcionar.
Para
isso, é preciso que você faça um pequeno esforço, começando pela supressão dos
jornais e documentários de TV e dos jornais impressos, que estão impregnados de
doninhas. Busque outras fontes de informação. A internet aí está para isso. A
lei da demanda funciona sempre e, portanto, caindo a demanda por esse
verdadeiro lixo, os proprietários de TVs e de jornais terão que se livrar dos
maus jornalistas, que são na verdade militantes. Se não agirem assim, vão
quebrar. Mercado neles!
Se
você tem filhos na escola, acompanhe tudo o que os professores estão fazendo
com eles, porque a responsabilidade é toda sua. Se perceber a existência de
professores militantes — e certamente isso vai acontecer — vá à escola e diga
que seu filho não está ali para ser doutrinado por ideias de esquerda ou de
direita, mas para aprender. Se a coordenação ou direção da escola não se mostrar
receptiva, ameace trocar de escola. E se nem assim funcionar, troque. Aqui o
mercado também funcionará.
Se
você é universitário e está cansado dessa xaropada doutrinadora, desse lerolero
esquerdista que domina os cursos de ciências humanas, especialmente nas
universidades públicas, comece a contestar respeitosamente seus professores.
Use argumentos e não se impressione nem com a idade, nem com a barba e a
sandália do seu professor petista ou psolista ou com aquele vestido sempre
comprido e os cabelos desalinhados da professora marxista, pois a maioria deles
não tem argumentos. Os que eventualmente apresentarem alguns argumentos muito
provavelmente irão respeitar também os seus. Se eles não respeitarem você,
ficarão mal perante a turma.
E
se você, tal como eu, é professor universitário, tenha sempre em mente uma
famosa frase de Mises, a de que basta haver um solitário professor que tenha as
ideias certas — e que saiba transmitir sua lógica — em um departamento, para
que um grande número de alunos se interesse e busque aprofundar-se nelas. A
esse respeito posso, por experiência própria, assegurar que o "bom
velhinho" estava coberto de razão.
E,
para incentivar seus alunos a não abandonarem seus intentos diante das enormes
dificuldades representadas pela cultura predominantemente de esquerda,
diga para eles que, se eles têm convicção de que suas ideias são corretas,
então sigam a máxima: o sentido é
mais importante do que a velocidade.
[1] Por exemplo, segundo Olavo de
Carvalho, o autor do Tractatus Logico-Philosophicus, o filósofo
austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), um dos membros do famoso círculo de
Viena e primo de F. A. Hayek, "se notabilizou pelo seu ódio insano à ciência,
que ele considerava a raiz de todos os males modernos, e pela precariedade dos
conhecimentos de matemática e linguística com que se meteu a enfrentar os
problemas da linguagem filosófica".